Muito além dos Moais: o que aconteceu com as árvores e com a escrita da Ilha de Páscoa?

No filme “No”, Gael Garcia Bernal faz o papel de um publicitário que é chamado para conduzir a campanha pelo “não” do plebiscito que em 1988 decidiria se Pinochet continuaria por mais oito anos no poder no Chile.  Uma campanha que determinou os rumos do jogo político na América Latina nos anos que se seguiram e que ainda hoje ecoa na estética de nossos horários políticos gratuitos. Quase à margem da história principal, um pequeno fragmento do filme me chamou atenção especial: durante uma peça publicitária da campanha de Pinochet, uma menina Rapa Nui canta emocionada uma música tradicional da Ilha de Páscoa para o general. São talvez cinco segundos de filme que trouxeram de volta, instantaneamente, o fascínio que eu sempre senti pela Ilha de Páscoa.

Só mesmo o marketing político poderia retratar a enorme hipocrisia que é Pinochet postado em frente à menina, retidão e bondade nos olhos, encenando respeito e consideração pela cultura Rapa Nui. A verdadeira história é muito diferente e se tivesse sido ensinada àquela criança acredito que ela se recusaria ao disparate de receber tão amigavelmente qualquer representante do governo chileno.

A Ilha de Páscoa foi descoberta em 1722 em um domingo de páscoa (daí o nome) por um explorador holandês de nome Jacob Roggeveen. De acordo com seu diário de viagem, publicado com o nome de “The Journal of Jacob Roggeveen”, a descoberta da ilha teve momentos bem emocionantes. Além das famosas estátuas de pedra que obviamente não poderiam ter passado despercebidas, ele relata que 150 de seus homens foram até a praia onde se encontraram com centenas de nativos. Apesar dos europeus estarem armados, os nativos tentaram empurrá-los de volta para o mar, dando a entender que não conheciam os perigos das armas de fogo. A confusão esquentou obrigando um de seus homens a disparar, o que teria causado a morte de 12 habitantes da ilha. Apesar do incidente, ou talvez devido a ele, os Rapa Nui passaram a respeitar mais os europeus. Roggeveen descreve que alguns itens foram ofertados aos visitantes, como sementes, cana-de-açúcar, bananas e folhas de palmeira.

A ilha não despertou grande interesse da Europa quando da chegada de Roggeveen. Certamente o isolamento territorial e a dificuldade em alcançá-la contribuiram para que ela permanecesse inexplorada por mais 50 anos, até que uma missão espanhola comandada por Felipe Gonzales em 1770 e a expedição de James Cook em 1774 alcançaram a ilha. Gonzales de Ahedo, um dos membros da missão espanhola de 1770 escreveu no relato “The voyage of Captain Don Felipe Gonzalez to Easter Island 1770-1”: “Nenhuma árvore é capaz de produzir uma tábua de 6 polegadas (15 centímetros).” Os diários da viagem de Cook, publicados com o nome de “Cook’s Journals” contém bastante informação sobre a ilha. Cook chama atenção para a ausência de água potável em quantidade suficiente para que reabastecesse os reservatórios de seus navios, e percebe a escassez de alimentos em que vive a população. Chega a dizer que dificilmente alguma nação iria reclamar a posse da Ilha de Páscoa, tal a penúria de recursos que ela oferecia. De acordo com ele, os nativos (que ele calculou entre 600 à 700 pessoas) mal produziam para a própria subsistência. Em relação às árvores, Cook diz que “não havia uma única árvore na ilha com mais de 10 pés (3 metros) de altura”. Assim, enquanto Roggeveen fala de nativos trazendo folhas de palmeira, os visitantes que chegaram à ilha nos anos 1770 notam a falta de árvores. Meu fascínio pela Ilha de Páscoa vem de seu isolamento geográfico, de sua cultura única, de suas estátuas misteriosas, de sua história tão incomum. Mas vem também dessa discrepância entre o que foi visto por Roggeveen em 1722 e por Gonzales e Cook: em 50 anos as árvores haviam sumido da ilha. As árvores estão ausentes do diário de Cook, e também dos relatos de todos os outros navegantes que visitaram a ilha depois dele, o que me levou a perguntar: o que aconteceu com as árvores da Ilha de Páscoa?   

Apesar de aparentemente ser uma curiosidade estritamente botânica, essa pergunta guarda ligação com os destinos da própria civilização Rapa Nui. É difícil imaginar qualquer população que consiga prosperar na ausência de árvores. Alguns povos Beduínos são conhecidos por utilizar estrume de animais secos, ou mesmo ossos, como combustível para fogueiras, reduzindo a dependência das plantas. Mas mesmo isso seria difícil para os nativos da Ilha de Páscoa, porque nenhum relato dos primeiros navegadores indicou a presença de gado ou outro mamífero de maior porte na ilha. Além disso povos do deserto geralmente são nômades, mudando de lugar periodicamente atrás de recursos, muito diferente dos Rapa Nui, confinados em uma ilha de 170 km quadrados.

De fato, parece que a civilização Rapa Nui já estava em declínio quando Roggeveen chegou. Ele estima em seu diário que havia cerca de 3.000 pessoas habitando a ilha em 1722. Mas registros arqueológicos descritos no artigo “Rethinking the Fall of Easter Island” indicam que a população havia chegado a aproximadamente 10.000 a 12.000 pessoas algumas décadas antes e o diário do Capitão Cook fala em aproximadamente 700 pessoas em 1774. Ou seja, é provável que a população da ilha tenha reduzido drasticamente no período de aproximadamente 1 século. Assim, o destino das árvores da ilha se confunde com o destino de seus habitantes.

Curiosamente, a ilha já foi tomada inteiramente por uma floresta. De acordo com o artigo “The key role of Jubaea palm trees in the history of Rapa Nui: a provocative interpretation”, análises de pólen fossilizado em escavações arqueológicas feitas na ilha mostram que até o ano 1.000 DC a ilha era coberta por uma densa vegetação. A degradação teria começado com a chegada dos primeiros habitantes, vindos da Polinésia, que de acordo com o estudo “Late Colonization of Easter Island” teria ocorrido por volta do ano 1.200 DC. É claro que a chegada de humanos em um ambiente completamente selvagem traz consequências para o ecossistema. Casas, barcos de pesca e todo tipo de utensílio têm que ser construídos. Além disso, os polinésios levavam consigo em suas viagens plantas e animais que serviriam de fonte de alimento aonde chegassem. No próprio diário do Capitão Cook ele identifica o plantio de batata, yam (Oxalis tuberosa), banana e cana-de-açúcar na ilha, além da presença de galinhas e ratos. Sobre esses últimos, Cook escreve que viu um homem com alguns ratos mortos na mão, indicando que eles eram parte da dieta dos nativos. Havia portanto necessidade de se abrir espaço na floresta original para o cultivo de plantas, a criação de animais e a obtenção de madeira para construção.

O artigo “A recently extinct palm from Easter Island” publicado na Nature em 1984 indica que entre as plantas identificadas em escavações arqueológicas na Ilha de Páscoa uma era especialmente presente, dominando a paisagem: uma espécie de palmeira que recebeu o nome de Paschalococos disperta. Uma árvore que em realidade nós nunca vimos já que sua existência só foi observada em registros fossilizados. Pedaços conservados do fruto dessa árvore apresentam pequenas diferenças quando comparados com o fruto da palmeira Jubaea chilensis, uma planta endêmica da região central do Chile, indicando um parentesco claro entre as duas árvores. No trabalho “The vanished palm trees on Easter Island: new radiocarbon and phytolith data” os autores sugerem que sementes de Jubaea chilensis teriam chegado até a Ilha de Páscoa por dispersão trans-oceânica, boiando através do oceano pacífico. Alí encontraram um ambiente favorável e lentamente dominaram a paisagem. O isolamento da ilha favoreceu o processo de especiação e sucessivas adaptações a transformaram na Paschalococos disperta. Para entender o que aconteceu com as árvores da Ilha de Páscoa temos que olhar para sua ancestral mais próxima: a palmeira Jubaea chilensis.

A palmeira do Chile é uma árvore muito imponente, podendo chegar aos 30 metros de altura. Demora muito para se desenvolver e só começa a dar frutos à partir dos 20 anos de idade. É comum encontrarmos exemplares com mais de 1.000 anos. Ela possui uma característica que a distingue de outras palmeiras: seu tronco é muito largo, especialmente na base, próximo ao solo. Por isso ela foi descrita por Darwin no “Diário do Beagle” como “uma árvore muito feia”. Essa é talvez a minha maior discordância com Darwin, porque eu acho a palmeira do Chile uma árvore muito bonita. Uma característica interessante dessa árvore é que ela produz uma seiva muito açucarada, que é frequentemente coletada para fazer rapadura ou uma bebida fermentada chamada de “vinho de palmeira”. Acontece que a retirada da seiva exige que a árvore seja completamente cortada, e talvez essa característica tenha levado a palmeira da Ilha de Páscoa à extinção. Uma população com poucos recursos naturais não poderia desperdiçar uma fonte de açúcar e álcool e pode ter cortado as árvores de forma descontrolada para a obtenção desses produtos. Essa hipótese, no entanto, é pouco provável, porque não podemos esquecer que entre as plantas levadas pelos polinésios que pela primeira vez atracaram na ilha estava a cana de açúcar. Uma fonte de açúcar muito mais fácil de se obter do que a seiva da palmeira. É difícil acreditar, portanto, que a busca pela seiva tenha levado os habitantes da ilha a extinguir a árvore.

Outra hipótese é que a simples necessidade de madeira para construções, barcos e para o transporte dos moais até seus lugares tenha levado a árvore ao esgotamento. Se contarmos com o número de 12.000 habitantes vivendo em um ambiente tão restrito, conforme indica o registro arqueológico, é possível imaginar que o crescimento demográfico exagerado tenha levado a utilização da madeira da palmeira além de seus limites.

Mas é difícil acreditar que um povo avançado como os Rapa Nui, capazes de mobilizar uma energia enorme para a construção de suas gigantescas estátuas, aptos a prosperarem no mais completo isolamento por séculos não fosse capaz de prever o esgotamento de seu mais importante recurso natural, racionalizando seu uso.

Imagem 1

A discussão sobre as causas do desmatamento de Rapa Nui foi renovada quando em 2007 o artigo “Rethinking Easter Island’s ecological catastrophe” levantou a hipótese da catástrofe ambiental que levou à extinção das árvores na ilha não ter sido causada pela ação humana. O artigo sugere que foram os ratos (Rattus exulans, conhecidos como ratos do pacífico), trazidos como fonte de alimento pelos primeiros habitantes da ilha que poderiam ter destruído a palmeira.
O rato do Pacífico é a terceira espécie de ratos mais disseminada na terra. Estes ratos eram companheiros freqüentes nos barcos a vela dos povos da Oceania e de acordo com o trabalho “Origins and dispersals of Pacific peoples: Evidence from mtDNA phylogenies of the Pacific rat”, chegaram juntos com os humanos às ilhas da Melanésia, Micronésia e Polinésia. O artigo “Stratigraphy, chronology, and cultural context of an early faunal assemblage from Easter Island” indica que ossos de rato são frequentemente encontrados em escavações arqueológicas nessa região, muitas vezes em áreas de cozinha e poços de lixo. É possível que os ratos tenham encontrado na Ilha de Páscoa um ambiente muito propício à sua proliferação, já que havia abundância de sementes de palmeira que eles são capazes de consumir.

Acontece que a Palmeira chilena (e por conseguinte também a Paschalococos disperta) apresenta um desenvolvimento muito lento, somente gerando sementes após 20 anos. Uma população crescente de ratos poderia consumir as sementes em uma taxa descontrolada, sendo capaz de levar as palmeiras à extinção.

Assim, por mais que os habitantes da ilha percebessem a diminuição da cobertura vegetal e como isso impactava negativamente na sua vida, teriam sido incapazes de impedir a devastação causada pelos ratos. Uma espécie introduzida pelos humanos como fonte de alimento seria a responsável pelo declínio da civilização Rapa Nui.

Imagem 2

A palmeira era de fato muito importante para os nativos da ilha e seu desaparecimento precipitou a decadência da civilização Rapa Nui. Essa importância fica clara quando se observa outro grande mistério da Ilha de Páscoa: o rongorongo. Quase ninguém conhece o rongorongo, a escrita da Ilha de Páscoa, mas ele é um dos achados mais intrigantes que já foi feito na ilha. Na minha opinião, tão interessante quanto as estátuas de pedra e o destino de suas árvores.

A língua falada na Ilha de Páscoa tem origem nas línguas polinésias. Quando o capitão Cook chegou na ilha trazia consigo um tradutor polinésio, mas aparentemente ele teve muita dificuldade de estabelecer conversas com os nativos. O isolamento da ilha havia transformado muito a língua original polinésia, originando a língua dos Rapa Nui. O relato indica que somente os números permaneciam claramente reconhecíveis. Nem Roggeveen, nem Cook e nenhum outro navegante que aportou na ilha até o século XIX fez qualquer referência a um sistema de escrita. Mas em 1864 Joseph Eyraud, um padre em missão a ilha percebeu a existência de tabletes de madeira gravados com uma estranha escrita, que ele nunca tinha visto. Os nativos se referiam a eles como rongorongo, que de acordo com o artigo “The ‘Talking Boards’ of Easter Island” significa “linhas para se cantar”.

O Rongorongo é um sistema de escrita com base em pictogramas esculpidos em tabletes de madeira. O padre Eyraud anotou em seu diário (depois publicado com o nome “Annales de la Propagation de la Foi”) que em quase toda casa da ilha havia pelo menos uma tabuleta com o rongorongo. Causa estranheza portanto o fato de que nenhum explorador tenha notado as tabuletas antes do padre Eyraud. Como os polinésios eram povos de tradição oral e não se conhece nenhuma escrita dessa região, o rongorongo teria surgido de forma totalmente independente. Existem somente três outros casos de escritas que surgiram de forma independente na história da humanidade (a escrita cuneiforme suméria, os glifos maias e a escrita chinesa). Como algo tão interessante poderia ter escapado às anotações atentas dos exploradores ao longo de 150 anos? A resposta para isso é simples: o rongorongo não existia antes da chegada dos europeus à ilha!

Imagem 3

Somente 25 exemplares das tábuas com o rongorongo sobreviveram ao tempo. Em parte porque as missões religiosas que visitavam a ilha se empenhavam em destruir as tábuas com receio de uma língua que não conseguiam entender. Mas em 2005 uma análise dessas tábuas descrita no artigo “Botanical Identification of the Wood of the Large Kohau Rongorongo Tablet of St Petersburg” indicou que grande parte delas eram feitas com madeira de árvores que não existiram na Ilha de Páscoa (madeira amarela sul-africana, Podocarpus latifolius e cinza européia, Fraxinus excelsior). Ou seja, as tábuas foram feitas com madeira obtida após o contato com os europeus (existe somente uma tábua feita com a palmeira da Ilha de Páscoa). Além disso o artigo “RongoRongo, the Easter Island Script: History, Traditions, Texts” diz que alguns exemplares preservados foram gravados em madeira bastante retorcida. O fato de que os ilhéus foram obrigados a escrever nesse tipo de madeira indica que quando a escrita surgiu já havia uma falta de árvores na ilha.

Um artigo publicado em 1996, “Cracking the Easter Island code” sugere que o rongorongo é um exemplo do que os antropólogos chamam de difusionismo, quando o conceito de escrita é transmitido a uma cultura de tradição oral, inspirando essa cultura a criar seu próprio sistema de escrita. É como se todas as condições para o surgimento de uma escrita já estivessem presentes entre os Rapa Nui e de repente eles fossem confrontados com a existência dessa ferramenta, sendo impelidos a adotarem um sistema para si. Existem casos bem documentados de difusão de escrita, como a invenção pelos Sequoyah do alfabeto Cherokee depois de verem o poder dos jornais escritos em língua inglesa (The Cherokee Syllabary: A Writing System In Its Own Right), ou a invenção pelos esquimós da escrita Yugtun inspirada pela leitura das escrituras cristãs (Sibérian Yupik Esquimó: The language and its contacts with Chukchi. Studies in indigenous languages of the Americas). Se esse for o caso, então o rongorongo emergiu, floresceu e caiu no esquecimento em menos de cem anos.

Em 1870, empresas européias começaram a explorar a ilha. Nessa época ela passou a ser utilizada para a criação de ovelhas que eram vendidas em território chileno. Em 1888 o Chile reclamou a anexação da ilha a seus territórios e de fato conseguiu a incorporação, basicamente fazendo um acordo com a companhia irlandesa que criava ovelhas. A ilha pertenceria ao Chile mas os irlandeses teriam o direito à explorar o território, além de utilizar a mão-de-obra dos Rapa Nui em condições de escravidão. Quando os nativos decidiram se revoltar, foram massacrados pela marinha chilena, a mesma que os deveria proteger. Além disso, o contato com os europeus trouxe doenças que ajudaram a reduzir drasticamente a população da ilha. Se haviam somente 700 habitantes em 1774, como descreve o capitão Cook, certamente haviam muito menos quando a ilha passou a ser economicamente explorada. Infelizmente nenhum dos sobreviventes sabia escrever o rongorongo. No entanto, de acordo com o antropólogo suíço Alfred Metraux em seu livro “L’ille de Pâques”, praticamente todos os nativos, quando colocados em frente às tábuas gravadas, sabiam cantar músicas tradicionais relacionadas àquela tábua. Os Rapa Nui não eram capazes de relacionar nenhuma palavra do que cantavam com símbolos específicos, o que levou Metraux a afirmar que o rongorongo não era propriamente um língua, mas sim uma proto-língua. Era um conjunto de símbolos cuja função era remeter à cânticos religiosos tradicionais. Uma ferramenta para ajudar os nativos a lembrar das músicas, mas não as letras das músicas propriamente ditas.

Se o rongorongo não é de fato uma escrita antiga, tendo surgido após o contato com os europeus, a existência de um símbolo que remete claramente à palmeira da Ilha de Páscoa é bastante significativo da importância dessa árvore para os Rapa Nui. Outros símbolos lembram a bananeira ou a cana-de-açúcar. Outros são peixes e tartarugas, também parte fundamental da dieta dos nativos. O símbolo para a palmeira da Ilha de Páscoa, com sua base mais grossa do que o resto do tronco, não deixa dúvida de que a árvore era fundamental para a sobrevivência na ilha.

Imagem 4

O motivo da degradação ambiental da Ilha de Páscoa ainda é fruto de muito debate e o papel dos roedores não é consenso. Possivelmente uma conjunção de fatores foi necessária para levar a palmeira da ilha à extinção, incluindo alterações climáticas, uso irresponsável das árvores pela população e também a ação dos ratos. O fato é que quando a ilha foi descoberta ela já vivia uma crise ecológica que refletia na diminuição da sua população. A Ilha de Páscoa foi palco de uma tragédia ecológica que deveria servir de alerta para todos nós. Ali uma população viu seus recursos se esgotarem sem conseguir reverter a situação. Não tendo para onde fugir, encerrados em seu pequeno território, sofreram um declínio populacional que levou poucas décadas. Também a origem do rongorongo é controversa. Embora o surgimento por difusionismo seja a hipótese mais aceita, alguns pesquisadores acreditam que ela é sim uma escrita silábica esperando para ser decifrada. Tanto a palmeira da Ilha de Páscoa como o rongorongo nasceram e morreram na pequena ilha. Dos dois não restam mais que resquícios arqueológicos e muito mistério. De fato, existe muito mais sobre a Ilha de Páscoa do que os Moais!

PS- Eu sou um cientista e um materialista. Acredito que cada linha do que escrevo aqui deixe isso claro: não acredito em explicações sobrenaturais para nada! Acredito na razão e que para todos os fenômenos observados existe uma explicação lógica, racional e materialista que geralmente é muito mais simples do que nossa imaginação nos leva a crer. É com esse espírito que registro aqui um mistério relacionado ao rongorongo que me intriga muito:

Em 1931 Sir John Marshall, que conduziu trabalhos arqueológicos na Índia entre 1922 e 1927, publicou um livro intitulado “Mohenjodaro and the Indu Civilization” espécie de inventário de pesquisa sobre a cidade de Mohenjodaro, uma das mais antigas do mundo, localizada onde atualmente é o Paquistão. Nesse livro ele detalha a descoberta de placas contendo inscrições que nunca foram decifradas. Acontece que em 1932 o lingüista húngaro Wilhem de Hevesy notou “a grande semelhança entre os caracteres dessas duas escrituras”, o rongorongo da Ilha de Páscoa e da civilização de Mohenjodaro. De fato, existem caracteres que são muito parecidos.

Mohenjodaro teria desaparecido por volta do ano 2.000 AC. Portanto as duas civilizações estão distantes no tempo nada menos que quatro mil anos, e no espaço, 25 mil quilômetros.

Nenhum estudioso dessas duas línguas ainda conseguiu explicar essa semelhança. Um verdadeiro mistério digno de nota.

Imagem 5

Standard